domingo, julho 17, 2005

Noite de Carnaval - Final

Gabriel voltou então para o bar. Virou novamente a dose inteira da sua bebida e resolveu ir embora. Nada mais poderia acontecer e já eram quatro horas da manhã. Pegou a nota de cinqüenta que ela havia deixado no balcão, pagou a conta, acendeu outro cigarro e foi para casa dormir.
Eram dez horas da manhã quando acordou assustado com o barulho do telefone tocando.
“Alô.”
“Gabriel?”
“Sim, sou eu.”
“Aqui quem fala é a Cristina, mãe da Daniela.”
“Ah, sim, claro. Como vai a senhora, tudo bem?”
“Para falar a verdade não. Estou ligando para lhe dizer que a Daniela... que a Daniela... bem, ela faleceu.“
Silêncio. Nenhuma palavra se ouvia até que Cristina disse:
“Gabriel? Você está aí?”
“Sim... sim... estou. Mas não estou entendendo, quando foi isso, Cristina?
“Por volta das três horas da manhã. Ela estava internada no hospital aqui em BH. Descobrimos que ela sofria de uma doença do coração, algo raro, pelo que os médicos disseram. E nessa madrugada ela não resistiu”.
“Mas por que ninguém me falou nada antes?” –perguntou ele.
“Ela nos fez prometer que não iríamos lhe dizer nada. Nós insistimos, mas ela não cedeu.”
“Três horas da madrugada. Foi nesse horário que...” – era única coisa que Gabriel conseguia pensar.
Então não conseguiu dizer mais nada, o telefone caiu da sua mão e só se ouvia do outro lado da linha uma voz chamando pelo seu nome...
Como aquilo seria possível? Daniela esteve com ele até as quatro da manhã, aqui na sua cidade. Como ela poderia estar no hospital em Belo Horizonte? Como ela morreu às três da manhã se ele estava junto dela nessa hora? Não poderia ser verdade. Sua cabeça já não raciocinava mais e decidiu tomar um banho. Tudo não teria passado de um sonho, um triste sonho.
“É, foi isso mesmo, apenas um maldito sonho”. – pensou ele.
Gabriel havia dormido com a roupa do dia anterior. Sentou-se na beirada da cama, tirou a camisa e começou a tirar a calça quando um papel caiu do seu bolso. Abaixou-se, pegou o pedaço de papel e o abriu.

“Jamais deixei ou deixarei de te amar. Beijos,
Daniela.”


The end