quarta-feira, outubro 24, 2007

Sentimentos de plástico

Um entardecer cor de asfalto molhado,
Um anoitecer cor de lua enciumada.
Um dia violeta pagã,
Uma noite rosa romã.

Falsos bebuns perambulantes,
Falsos galanteios do ébrio amante.

Para onde vão as palavras perdidas?
Para onde vão as promessas não cumpridas?

Insensatez escancarada,
Desfaçatez estimulada.
Evaporam sob um eco flácido,
Derretem as flores de plástico.

terça-feira, outubro 03, 2006

Guardo num subterfúgio de palavras tortas miscelâneas de linhas nostálgicas interligando variados pontos que não pertencem à mesma reta.
Me intercalo entre paredes decoradas com cabalas e muros lodeados. Nunca sei ao certo as horas exatas ditadas por ponteiros ignóbeis, perambulando a esmo num minúsculo conjunto de números frios.
Vem um desespero contido, que resguarda uma desesperança vermelha. Vem uma angústia inebriante, revelada pelo brilho opaco dos olhos meus.
Não saio da sobriedade voluntária do meu quarto. Permaneço trancado dentro de um mundo que não criei e ao qual invoco profundo desprezo. Mantenho um egoísmo exagerado, conveniente ao meu dia a dia.
Guardo segundos dentro das minhas gavetas.

terça-feira, agosto 15, 2006

Está tudo tão difícil que não consigo dizer nada, expressar nada... eestá tudo vazio dentro de mim...
é só eu amar novamente que tudo desaba.
acho que já é tarde pra um recomeço...

acho que já é tarde pra tudo em mim...

eu só queria ter você sempre junto de mim...
você que conseguiu recuperar meus mais belos e sinceros sorrisos...

eu quero uma vida pra mim... poque essa já acabou a bateria e eu não tenho carregador que me alimente mais....
a mágoa é um inferno
e ele mora aqui perto
a saudade não existe em mim
o que existe é a vontade do fim

terça-feira, agosto 08, 2006

Mais uma dose de ópio. (Abílio Queiroz)

- quero fazer um pacto.
- diga.
- você me esquece e eu paro de ficar atormentando a sua vida.
- não entendi.
- é simples. me deixa viver do meu jeito e eu não fico lhe injuriando ou difamando, como você pensa que eu faço.
- bem, continuo sem entender.
- não entende porque não quer. seus malditos seguidores estão sempre por perto, sempre querendo provar que você realmente existe. e infelizmente, a cultura na qual eu fui criado, enraizada em minha mente, teima em lhe invocar vez por outra. e é aí que entra a minha proposta.
- ah, você quer que eu lhe liberte de toda e qualquer crença ou fé, para que você possa viver à sua maneira?
- não. deus, como você é burro. eu quero que você me esqueça de uma vez por todas. eu já vivo à minha maneira, porém seus fiéis-infiéis discípulos são um pé no saco, um chute no pâncreas. eles estão em todos os lugares, infiltrados em todas as instituições, inclusive na minha família...
- ah, meu filho...
- seu filho???!!! pode parar por aí. não sou seu filho, tenho pai e mãe já; e se você aceitar o pacto prometo parar de usar seu nome em vão. tipo: “ai meu deus...”; “se deus quiser”; e “graças a deus”. usarei sempre: “quê isso!”; “se tudo der certo”; e “ graças a mim”. afinal de contas você não faz nada por mim e se fizesse seria a sua vida e não ‘minha vida’.
- mas eu nunca...
- isso mesmo, você nunca se interessou pela minha vida, assim como eu nunca me interessei por você. Você não passa de uma ilusão... necessária para os fracos de força de vontade, mas é simplesmente uma ilusão.
- acho que você está enganado...
- sim, posso estar enganado. mas será meu engano, livre de qualquer intromissão sua ou de seus subordinados hipócritas. meu engano, meu erro, meu acerto, minha escolha, MINHA vida.
- você acredita em deus?
- não!
- e com quem você acha que está falando?
- não é com deus???
- não.
Ah, então me desculpe, é engano. liguei errado.

(logo depois)

trim... trim...

- alô...
- quero fazer um pacto...

sexta-feira, junho 02, 2006

NA ESTRADA _Abílio Queiroz

eu caminho por quilômetros de esperança
descalço sobre pedras brancas
não vejo nada há tanto tempo
e é verdade, eu nem ligo

já me troquei tantas vezes
e acabo sendo a mesma pessoa
morando num desespero alugado
eu caminho por quilômetros de esperança

ainda não deixo de olhar para trás
receio ver minha antiga morada
sorriso em pele de cobra voraz
chorar de frio na madrugada

moro de aluguel no desespero
ainda caminho...
por quilômetros de esperança

segunda-feira, abril 17, 2006

Dia a dia

Um entardecer cor de asfalto molhado,
Um anoitecer cor de lua enciumada.
Um dia violeta pagã,
Uma noite rosa romã.
Falsos bebuns perambulantes,
Falsos galanteios do ébrio amante.

Para onde vão as palavras perdidas?
Para onde vão as promessas não cumpridas?

Insensatez escancarada,
Desfaçatez estimulada.
Evaporam sob um eco flácido,
Derretem as flores de plástico.


______________Abílio Queiroz

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

segunda parada

texto sem correções.....



Desassossego (Abílio Queiroz)

total falta de prazer,
grande fartura no mundo dos sonhos.
árvores gigantescas, festas, desejos.
nas ruas o perigo anda acompanhado,
o prazer é a vontade, o desejo de ser ilimitado.
totalmente enlouquecido, em transe eterno,
eternamente iluminado.

o fugitivo volta à sua terra,
esperanças malditas na porta do céu.
esperando o mundo enlouquecer
e jogá-lo na lata do lixo.
destruição, orgias e festas sem sentido
na memória dos mortos, a vontade dos vivos.
a visão dos imortais.
a rosa que desabrocha chora de dor,
atrás do horizonte não existe mais sol.
é o reino da escuridão e da falta de amor