sábado, julho 30, 2005

Amare Laborare

Eu sabia que havia ali uma casca de banana. Eu a tinha visto! E qualquer ser conhece os efeitos de se pisar numa casca de banana.
Mas a vida teima em medir minha altura, vertical, ou horizontalmente. O quão mais rápido eu chego ao chão. O improvável acontece. A casca de banana me derruba. Vou ao solo como quem cai de braços abertos na cama após um dia laborioso. Uma vida de estróina esparramada pelo chão, mal-ajambrada.
Cabelo deitado na terra, ali permaneço. Sem causar furor algum, como uma biografia completamente desinteressante. Eu estou desaparecido. Tal qual um jazz tocando num bar tão longe, que não existe. Mas ainda que desaparecido, eu existo e persisto.
E a casca de banana me fazendo ver um céu novo para mim. Após breve observação concluo que o mar é azul por refletir o céu, dores são lilases e formam galáxias, saudade tem cheiro, desejos doem, felicidade molha a camisa e tristezas mancam da perna esquerda.
Ainda tenho ameaças na sola do sapato. Tenho também clichês azuis e metáforas de menta para momentos de conflitos poéticos. Eu escorrego na sua boca dizendo que fui a poesia que lhe faltava. Se sou o que faltava, prometo-lhe transbordar. Meu toque no seu rosto é para desentender a textura de sua arte.Vida reerguida de solavanco. Aguardando a próxima casca de banana.

quinta-feira, julho 28, 2005

Vida i LTDA.

Ontem foi uma noite mto especial. Uma noite de dormir com sorriso estampado na cara e acordar rindo sem parar . Moça mais linda de todas as festas, gosto de vc. Simplesmente gosto de vc. Sem complicações, sem frases de efeito e/ou bonitinhas. Tens um não sei o que de paraíso q me faz perder o juízo.
EU GOSTO DE VC!


Nada limita a fantasia ao ilustrar-se as cores do artista. A vida pode ser o maior palco do mundo, com milhares de camarins. Em cada um deles, uma personagem está na eminência de existir.
A verdade se concentra para fantasiar, iluminando a interpretação inspiradora de cada imaginação sentada nas cadeiras do teatro. Realidades variadas. Fases que vêm e que vão.
No palco da vida, cada artista improvisa, não existe certeza absoluta, nem muito menos script. Turbilhão de sentimentos... Momentos desprovidos de constante brilho, instantes recheados de intensa vontade de gritar... Alegrias e prazeres hora sim, hora não... Inúmeros dentro de apenas um. Muito e tudo. Tanto e mais ainda! Não se finda, não acaba nunca.
A cada cerrar das cortinas, uma nova personagem (re)surge... A cada caminhar atrás da coxia, uma nova indagação urge. O artista é unívoco, as personagens são múltiplas.
A artista se lança ao deleite de suas transformações. Ela vai para sua marca e quando está sobre o praticável, sabe que possui a atenção de todos no recinto. Um monólogo! Seu momento merecido! Toda a alegria retida, agora livre! Chegou a hora de barbarizar na performance, incendiar o palco do seu teatro. A vida é muito curta pra ser pequena, já dizia o poeta. Espalhar alegria, expandir sorrisos. Instigar os mais belos e puros sentimentos. Desestruturar as estruturas da tristeza.
Há de ser trabalhoso! Sim, há. Contudo, é gostoso o resultado de se ser laborioso. O cansaço não existe e a epopéia persiste!
A artista desconhece os dias vindouros e agora repousa seu brilho sob as luzes do proscênio. Findada mais uma cena, os aplausos são todos para ela.

sexta-feira, julho 22, 2005

Sou feliz por isso e por todos vcs amigos e amigas que amo e que me amam.

O que vem logo abaixo é algo q recebi de alguém q amo mto, minha amiga-irmã-companheira-conselheira-inigualável Acácia, Cacinha Sam.

Lágrimas escorreram...


"Faço questão de te ver cada dia mais feliz, se aceitando cada dia mais (não quero dizer acomodar!), aceitando os outros também, aprendendo que muita coisa que você tem (e eu também) são de fato muito valiosas, que seus amigos realmente te amam, e sua família, que você sabe muito bem, não é perfeita, mas ainda sim, é! Você é uma pessoa tão especial, boa, linda, inteligente, humilde, culta e boêmia que faz inveja!!! Insisto que você continue tocando baixo cada dia melhor, sem desânimo e com paciência. Saber e aceitar seus limites é uma coisa... desistir por causa disso é outra, você consegue tudo se dedicar ao máximo, pesquisar, perguntar pra quem sabe sem ter vergonha de nada, ninguém nasce sabendo tudo.
Quero que você continue sendo o bom amigo que é, e conheça novas pessoas, e novas bandas, novas opiniões, novos livros, filmes e curiosidades, pois eu sei que você sempre me dá conta disso tudo mesmo, hehehe. Mas o que eu quero MESMO é que você me mostre a foto da Aninha, me chame pra tomar cerveja, perca de mim na sinuca, reclame do Júlio César quase como se estivesse criticando a si mesmo, me diga que adora Legião Urbana, que só fuma Marlboro, cerveja até Kaiser, o bom mesmo é uísque, que não tem preconceito de nada e de ninguém, que a gente faça reuniões do Clã Sam e reclame da vida no CDD, que me diga que eu sou linda, toco demais, sou uma excelente professora e que você adora as minhas músicas (hahahahauhauhaha), que a gente seja filósofo de buteco, fique bêbado até o cachorro lamber a boca da gente, que a gente tenha momentos de sanidade e insanidade saudáveis, e que a gente possa curtir muito! Assim, pra caramba! Ta ligado?
Agora... pra ficar perfeito mesmo, só falta você existir aos domingos, por que aí sim, a minha semana ficaria completa.

Te amo, Bidu.Beijo. "

terça-feira, julho 19, 2005

Prazer, Abílio.

Ficar se fazendo de vítima é realmente muito cômodo. Ficar reclamando da vida é muito simples, chega mesmo a ser simplório. Ficar achando que o mundo está contra, que existe uma conspiração clinicamente elaborada para que nada dê certo é desculpa esfarrapada.
Cansei disso tudo, muito! Quero que vá tudo para o inferno, seja lá onde isso for!
Se você acha que continuarei aqui assistindo de cima do muro todo esse show de horrores no qual se transformou PARTE da minha vida, você está muito enganado. Vá para o inferno você também.
Pronto! Nenhuma nova lágrima melancólica. Nenhuma feição transtornada de tristeza.
Pronto! Agora quero os mais belos sorrisos para me alimentar, me banhar! Quero um copo cheio de dias alegres com quem eu gosto.
Há muito que fazer ainda.
Já reparou que o céu de noite fica ainda mais iluminado de estrelas quando não se está sofrendo desnecessariamente?
Já reparou como a lua fica ainda mais bela quando não se está com a vista embaçada de lágrimas vãs?
Tenho uma notícia: não serei mais vítima de mim mesmo; dessa auto-hipocrisia. Acabou e não tem mais.
Muito prazer! Abílio!

domingo, julho 17, 2005

Noite de Carnaval - Final

Gabriel voltou então para o bar. Virou novamente a dose inteira da sua bebida e resolveu ir embora. Nada mais poderia acontecer e já eram quatro horas da manhã. Pegou a nota de cinqüenta que ela havia deixado no balcão, pagou a conta, acendeu outro cigarro e foi para casa dormir.
Eram dez horas da manhã quando acordou assustado com o barulho do telefone tocando.
“Alô.”
“Gabriel?”
“Sim, sou eu.”
“Aqui quem fala é a Cristina, mãe da Daniela.”
“Ah, sim, claro. Como vai a senhora, tudo bem?”
“Para falar a verdade não. Estou ligando para lhe dizer que a Daniela... que a Daniela... bem, ela faleceu.“
Silêncio. Nenhuma palavra se ouvia até que Cristina disse:
“Gabriel? Você está aí?”
“Sim... sim... estou. Mas não estou entendendo, quando foi isso, Cristina?
“Por volta das três horas da manhã. Ela estava internada no hospital aqui em BH. Descobrimos que ela sofria de uma doença do coração, algo raro, pelo que os médicos disseram. E nessa madrugada ela não resistiu”.
“Mas por que ninguém me falou nada antes?” –perguntou ele.
“Ela nos fez prometer que não iríamos lhe dizer nada. Nós insistimos, mas ela não cedeu.”
“Três horas da madrugada. Foi nesse horário que...” – era única coisa que Gabriel conseguia pensar.
Então não conseguiu dizer mais nada, o telefone caiu da sua mão e só se ouvia do outro lado da linha uma voz chamando pelo seu nome...
Como aquilo seria possível? Daniela esteve com ele até as quatro da manhã, aqui na sua cidade. Como ela poderia estar no hospital em Belo Horizonte? Como ela morreu às três da manhã se ele estava junto dela nessa hora? Não poderia ser verdade. Sua cabeça já não raciocinava mais e decidiu tomar um banho. Tudo não teria passado de um sonho, um triste sonho.
“É, foi isso mesmo, apenas um maldito sonho”. – pensou ele.
Gabriel havia dormido com a roupa do dia anterior. Sentou-se na beirada da cama, tirou a camisa e começou a tirar a calça quando um papel caiu do seu bolso. Abaixou-se, pegou o pedaço de papel e o abriu.

“Jamais deixei ou deixarei de te amar. Beijos,
Daniela.”


The end

sábado, julho 16, 2005

Noite de Carnaval - Parte III

“Sabia que encontraria você aqui nesse bar em pleno carnaval.” –disse ela.
Ele então a olhou nos olhos pela primeira vez naquela noite. Virou-se e olhou ao seu redor, sua vista já tinha acostumado com a meia luz do ambiente e só então ele conseguiu ver quem estava ali junto com os dois. Acenou com a cabeça para alguns conhecidos e se voltou para ela.
“Você me conhece, sabe que nunca fui muito fã de carnaval.”
“Ah, uma frase com mais de cinco palavras... estamos progredindo.”
Naquele momento, Gabriel reparou no rosto de Daniela aquele sorriso que só ela tinha. Os lábios se abrindo na mesma sintonia em que os olhos começavam a brilhar e então todo o seu rosto tomava uma forma encantadora deixando Gabriel atônito. Sua carne tremia e ele ficava sem saber o que dizer. E naquele instante tudo o que conseguia era se lembrar de tudo o que já havia vivido junto da ex amada. Mais um trago no cigarro. “Geraldo, outro whisky, por favor.” Já era o terceiro, mas ele nem se dava conta disso.
“Dessa vez vou lhe acompanhar. Me dá outro também, Geraldo.”
O que ela queria? O que fazia ali? Essas perguntas ficavam se repetindo na cabeça de Gabriel. Desde que tinham terminado ele nunca recebeu notícias dela, nem sequer sabia se estava viva ou não. E agora, isso! Ela estava na sua frente, tomando whisky com ele. E como ela estava linda. De calça jeans baixa, uma mini-blusa branca e sandália; cabelo solto, repicado. Apenas um leve batom e um simples par de brincos. Estava maravilhosa e Gabriel reparou que havia se esquecido do tanto que Daniela era linda. Sensações antes desaparecidas pareciam estar retornando.
Gabriel deu outro trago no cigarro quando ela perguntou:
“Posso pegar um cigarro seu?”
“Já lhe disse que você é livre para fazer o que quiser.” – respondeu ele.
“O que eu quiser? Qualquer coisa?”
“Claro.” – disse Gabriel.
Daniela então se levantou, aproximou seu rosto ao de Gabriel, tirou o cigarro de sua boca e lhe beijou. Beijou aquele beijo que ele nunca haveria de se esquecer. Aquele beijo que sempre o fazia se perder de tudo e de todos e o deixava completamente de pernas trêmulas, corpo bambo e sem rumo. Eram novamente aqueles lábios mágicos, carinhosos e fogosos, quentes e de encaixe perfeito aos seus. Gabriel sentiu sua língua sendo enlaçada por aquela língua que o transtornava de tão deliciosa. Aquela língua molhada, aveludada e que se enroscava maliciosamente na sua; uma língua que parecia decifrar todos os seus segredos. Sentindo-se inteiramente imobilizado por aquele turbilhão de sentimentos que invadira seu corpo, Gabriel estava sem reação alguma, paralisado frente ao fato repentino. Aquele instante o fez esquecer-se de tudo pelo que passara nos últimos tempos. Ele só se lembrava da felicidade, dos momentos de alegria e do prazer que era viver ao lado dela, daquela a quem ele amava e parecia ainda amar. Quando o beijo terminou, Gabriel nada conseguiu fazer. Ficou por alguns segundos de olhos fechados como que tentando imortalizar aquele momento. Seria um sonho? Abriu então os olhos e ela ainda estava ali. Sorriso na face. Ainda mais linda, parecendo estar iluminando todo o lugar. Daniela então passou a mão pelo rosto de Gabriel, alisou seus cabelos e deu-lhe um beijo no rosto. Levantou-se e foi-se embora. Sem nada entender, ele ficou ali parado. Sem conseguir se mover, sem conseguir pensar em nada. Quando se deu por si, levantou-se e correu para fora do bar, na esperança de encontrá-la. Mas foi em vão. Ela desaparecera sem deixar nenhum rastro.

To be continued

sexta-feira, julho 15, 2005

Noite de Carnaval - Parte II

“Oi, tudo bem?” – disse ela. E sem conseguir se mover, nem ao menos piscar, ele nada respondeu e continuou a fitá-la.
“Posso me sentar?” – Gabriel apenas acenou que sim com a cabeça. “Me paga uma bebida?” – pediu ela.
“Não.” – foi o que ele respondeu. Ela o encarou.
“Não tenho dinheiro.” – Gabriel disse.
“Pode deixar, eu mesma pago. Garçom, quero o mesmo que ele está bebendo, por favor.”
Gabriel achou estranho, ela não era de beber e quando o fazia eram coquetéis fracos e suaves e agora iria tomar uma dose de whisky e sem gelo?! Ele se levantou e ela foi logo perguntando:
“Onde você vai?”
“Ao banheiro.” – ele respondeu.
“Vai voltar?” – ela perguntou.
“Minha bebida ainda não acabou.”
Gabriel chegou ao banheiro e começou a xingar todos os palavrões imagináveis e outros que inventava na hora. Ele também Daniela até a quinta geração. Resolveu então jogar água no rosto e se acalmar. “Nem mais dinheiro para encher a cara e esquecer isso tudo eu tenho! Será que eu volto para lá, ou vou embora escondido sem nada falar?” Resolveu voltar, quem sabe ela se tocou e foi embora. Saiu do banheiro e a viu no mesmo lugar.
“Que merda!” – pensou ele.
Chegando ao balcão ele notou que ela já havia tomado toda sua bebida. Ficou imaginando o que se passava pela cabeça dela, o que ela estaria fazendo ali, na sua cidade, no seu bar. Ela, que sempre gostou de carnaval, de viajar nessa época do ano para os lugares onde a festa era sempre maior e principalmente para praia. Gabriel apenas pensou e nada perguntou. Sentou-se no seu lugar novamente, pegou seu whisky e virou tudo num só gole. Acendeu outro cigarro.
“Fumando?” – ela perguntou.
“Já faz algum tempo.” – foi o que ele disse.
“Como vai você?”
Essa perguntou o deixou um tanto quanto nervoso. Sua vontade era se levantar e dizer na cara dela tudo o que sentia. Pensou em dizer a ela que desde que o abandonara ele se sentia uma merda, perdeu o emprego, mal conseguiu acabar a faculdade, teve que voltar a morar com os pais, ficou sem dinheiro e perdeu o interesse em qualquer tipo de compromisso, sem contar no azedume que se tornou. O sangue lhe subia à cabeça.
“Estou bem.” –foi a única coisa que conseguiu dizer.
“Você parece meio amargo, não gostou de me ver aqui?”
“Isso não tem importância.” –disse ele.
“Se quiser, vou-me embora.”
“Faça o que quiser.”
“O que eu quiser?”
“Você é livre.”
Ele deu de ombros e pensou em pedir outra dose, a vontade era enorme, porém se lembrou da falta de grana. Mas ela tinha dinheiro. Pedir a ela seria demais. Mas e daí? Qual o problema? Gabriel virou-se para ela e pediu:
“Me paga uma bebida?”
“Pode pedir.”
“Um cigarro também?”
“Claro.”
“Geraldo, vê para mim outro whisky e um maço de marlboro.”
Gabriel pegou o cigarro, enfiou no bolso, segurou o copo de whisky e virou a dose toda de uma só vez. Estava decidido a ir embora naquele momento.


To be continued

quarta-feira, julho 13, 2005

Noite de Carnaval

Gabriel caminhava sozinho pela rua, era tarde da noite, o céu abandonado pelas estrelas e a lua reinando solitária, iluminando o infinito cobertor negro. Pelas ruas os letreiros luminosos do comércio diminuíam a beleza da visão daquele céu de um astro só. Era carnaval e Gabriel caminhava sem pensar nisso. Apenas um bar aberto na cidade semi-fantasma nessa época do ano. E era exatamente para lá que ele seguia. Nesse bar estariam todos os órfãos de carnaval da região. Ele poderia ter viajado, porém a falta de grana, de folga no trabalho e a desanimação o prenderam na sua terra natal. Já há algum tempo que ele não curtia mais essa festa popular, nem pela farra com a turma.
Uma calça jeans, tênis e uma camisa branca de algodão. No bolso apenas um maço de cigarros e uma triste e solitária nota de cinco reais. Sem compromisso com nada que não fosse ele mesmo, se sentia meio que perdido, andando devagar, mãos no bolso e um cigarro atrás da orelha. Pela rua onde caminhava, apenas poucos carros estacionados e um casal se beijando ardentemente, parecendo querendo transar ali mesmo. Gabriel não conseguiu tirar os olhos daquela cena até que percebeu estar sendo encarado de volta, maliciosamente pela garota. Desviou o olhar, seguiu com seus passos lentos, mas não suportou a curiosidade de uma última olhadela. Continuou sua soturna caminhada até ao bar. O lugar era bem conhecido na cidade, lá se encontravam os admiradores do rock and roll. E era terminantemente proibido outro ritmo que não fosse o bom e velho rock. Porsters dos clássicos do gênero se misturavam aos novos cantores e novas bandas, assim como aos alternativos e desconhecidos também. Da decoração também faziam parte cartazes de filmes variados. Para todos que ali estavam parecia não existir carnaval. O ambiente era pouco iluminado, só se via totalmente as pessoas aproximando-se bem delas; havia um balcão extenso, o salão era razoável e havia nele algumas mesas, um espaço para se dançar e um pequeno palco para as apresentações e performances que ocorriam de vez em quando; num dos cantos, uma junkie box, mas daquelas bem antigas e que foi adaptada para os dias de hoje.
Ao som de “Whole Lotta Love”, do Led Zeppelin, Gabriel botou os pés dentro do bar. Já lá dentro, procurou um local vazio no balcão, que era sua preferência mesmo. Também não poderia ir para uma mesa, pois estavam todas ocupadas. Foi sentar-se na última cadeira do balcão, bem próximo da máquina de música. Cumprimentou Geraldo, o garçom, tirou o maço de cigarros do bolso e pediu uma dose de whisky.
-Sem gelo, por favor, Geraldo.
Pegou o cigarro que estava atrás da orelha e o acendeu. Deu o primeiro gole na sua bebida e ouviu os primeiros acordes de “Alabama Song” dos Doors, uma de suas bandas preferidas. Começou então a cantarolar a música juntamente com Jim Morrison e já se sentia até mesmo mais animado. Somente aquele bar, com suas músicas, para tirar o desânimo do seu corpo. Olhou então para seu copo de whisky e começou a pensar que seria aquela sua única dose, a única que seu dinheiro poderia pagar. E o cigarro também estava acabando, só havia mais três dentro do maço. Outro gole, mais um trago. Quando estava apagando o cigarro no cinzeiro sentiu alguém tocando=lhe o ombro, por trás. Quando se virou, não pôde acreditar no que estava vendo. Era ela... mas seria possível? Era realmente ela? Quem ele nunca imaginava ver novamente?!?! Já havia se passado dois anos e nenhuma notícia desde que ela o abandonou. Sem motivo, sem explicação alguma.

To be continued

sexta-feira, julho 08, 2005

Recebi isso da Lara pessoa maravilhosa.

Quantos gigabytes usados com música:
São exatamente 25 GB, divididos em 358 pastas. Tô terminando de organizar tudo... tá meio bagunçado ainda...

Último CD que comprei:
Núúúúú... faz um tempo já q isso aconteceu. Dexovê...acho q foi um CD da banda Frente!, por causa daquela música “Bizarre Love Triangle”. É, eu tava namorando na época e tb tinha até cartão de crédito...pra falar a verdade, nesse dia (to me lembrando agora) eu comprei uns 5 cds de uma vez... mas não me lembro quais e tb nem faz diferença mais, afinal de contas, foram todos roubados mesmo.

Música tocando no momento:
Tem uma seleção maluca tocando aqui no micro. Nesse exato momento ta rolando “Rinoceronte na montanha de gel”, da banda Violeta de Outono, que é uma bandinha carioca do início da década de oitenta. Mto legal por sinal.

Cinco músicas que tenho escutado bastante:
- Sail Away, do David Gray. Baladinha inglesa pegajosa, acho até q gostei tanto da música pelo clip dela, essa coisa de sair do pub chapado, andando pela periferia londrina vendo o mundo acontecendo, me cativa.
- Melissa, do Bidê ou Balde. O Sul do país sempre produz umas bandas bem interessantes. Essa é uma delas. “... se tu quiser que eu te leve, eu aprendo a dirigir...” isso é poesia...
- Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro, Wander Wildner. Esse cara é foda. Ele é feio, mas é bonito, ele é quase um alcoólatra e não consegue ser alegre o tempo inteiro pq diz ele q isso cansa. Ele é foda.
- Woo Hoo, do The 5, 6, 7 8´s. Da trilha de Kill Bill I. as japinhas são super divertidas com seus vestidos únicos e pés descalços dançando alegremente..
- Cars hiss by my window, The Doors. Putz... eu não consigo ficar sem ouvir Doors… é vício mesmo.

Que cinco discos você levaria para uma ilha deserta, junto com um toca-discos e um estoque ilimitado de pilhas?
Essa coisa de lista é deveras complicado. Eu levaria a trilha de Lagoa Azul. Seria melhor encontrar uma Brookie Shilds do q um Sexta-Feira, do Robinson Cruzoé, né! Mas vamos lá:
- Nevermind, Nirvana. Pq eu acho q esse disco deve fazer parte do currículo de qualquer ser q goste de música.
- The Doors, The Doors. O primeirão. Tem The End, meu único amigo, o fim.
- The Physical Grafitt, Led Zeppelin. Trilha sonora pra subir em coqueiro e caçar tubarão.
- Everything is possible!, Mutantes. Não pode faltar de forma alguma. Desculpe babe, ando meio desligado. Dia 36, a minha menina bat macumba, ave lúcifer! Tem umas plantinhas alucinógenas na ilha, num tem?
- Bem, eu faria uma coletânea de Legião Urbana. É, eu amo mesmo Legião e quem não gosta, foda-se! Vá procurara algo de útil pra fazer na vida. E depois do começo, tudo o que vier vai começar a ser o fim. E ponto.

Pessoas para quem estou passando:
Poxa, sou um iniciante aqui, pra quem eu poderia enviar, já recebeu. Acho que vou fazer anúncio do meu blogger nas revistas de maior circulação do país.

segunda-feira, julho 04, 2005

Homem desperto

Homem desperto

Durante muito tempo, costumava deitar-me tarde. Tombava o rosto no travesseiro como quem se apóia na própria infância. Assim permanecia, desperto por instantes. Pensamentos pairando como véu sobre meus olhos, como que se eu estivesse lendo a mim mesmo. Eu, atônito de encontrar em derredor uma obscuridade suave e repousante para os olhos e talvez ainda mais para o espírito; o qual se apresentava como algo sem causa nem efeito. E por que eu deveria me importar?
Sem confessar-me, adormeci. E do meu sono uma mulher nascia. Oriunda do prazer que eu estava prestes a experimentar. Despertei. Traços de uma mulher que conheço em vida e a qual me dedico inteiramente a encontrá-la, tal como os que empreendem uma viagem para sentir com os próprios olhos uma desejada cidade e que se podem gozar, numa coisa real, o encanto da coisa sonhada.
Pouco a pouco sua lembrança se cristaliza, anestesiando meu ser com a pura vontade de encontrar a filha do meu sonho. Sem dúvida que eu estava agora bem desperto; o bom anjo da certeza imobilizara tudo ao redor de mim. Deitara-me sob a seda de seus cabelos, cobrira-me com o calor e perfume seus.
Desperto, eu agora vivia um sonho.