quarta-feira, novembro 30, 2005

Quando será...

SIMPLES CANÇÃO (Abílio Ricardo Queiroz)


Vou escrever uma canção de amor,
Para alguém em algum lugar.
Uma canção sem nenhuma dor,
Entregue a simples vontade de amar.

Uma canção com tantas e belas flores,
Recheada de várias cores,
Onde a tristeza não terá vez
E o desejo nunca fique no talvez.

Vou escrever uma canção de amor
Que exale todo um sentimento,
Uma canção perfumada de flor,
Esbanjando alegria em movimento.

Será para ficar na memória
De quem amou, está amando,
Desejos se formando,
Dias e noites de glória.

Vou escrever uma canção de amor
Que conte a estória de nós dois,
Uma paixão que não ficou para depois,
Pura beleza, eterno furor.

Essa canção vou escrever agora,
Para que fique pronta sem demora,
Assim mais rápido a gente vai se ver,
Para sem pressa alguma se querer.

Vou escrever uma canção de amor,
Para alguém em algum lugar.
Uma canção sem nenhuma dor,
Entregue ao único desejo de se amar.

quinta-feira, novembro 24, 2005

...

Não sei quem é o autor, recebi esse texto por email de um amigo. Sei que adorei.


DEMISSÃO

Venho por meio desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos. Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as idéias de uma criança de oito anos no máximo. Quero acreditar que o mundo é justo e que todas as pessoas são honestas e boas. Quero acreditar que tudo é possível. Quero que as complexidades da vida passem desapercebidas por mim e quero ficar encantado com as pequenas maravilhas deste mundo. Quero de volta uma vida simples e sem complicações. Cansei dos dias cheios de computadores que falham, montanha de papeladas, notícias deprimentes, contas a pagar, fofocas, doenças e necessidade de atribuir um valor monetário a tudo o que existe. Não quero mais ter que inventar jeitos para fazer o dinheiro chegar até o dia do próximo pagamento. Não quero mais ser obrigado a dizer adeus a pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida. Quero ter a certeza de que Deus está no céu, e de que por isso, tudo está direitinho nesse mundo. Quero viajar ao redor do mundo no barquinho de papel que vou navegar numa poça deixada pela chuva. Quero jogar pedrinhas na água e ter tempo para olhar as ondas que elas formam. Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade,porque podemos comê-las e ficar com a cara toda lambuzada. Quero ficar feliz quando amadurecer o primeiro caju, a primeira manga ou quando a jabuticabeira ficar pretinha de frutas. Quero poder passar as tardes de verão à sombra de uma árvore, construindo castelos no ar e dividindo-os com meus amigos. Quero voltar a achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida. Quero que as maiores competições em que eu tenha de entrar sejam um jogo de bola de gude ou uma pelada. Quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia era o nome das cores, a tabuada, as cantigas de roda, a "Batatinha quando nasce..." e a "Ave Maria" e que isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia. Quero voltar ao tempo em que se é feliz, simplesmente porque se vive na bendita ignorância da existência de coisas que podem nos preocupar ou aborrecer. Quero acreditar no poder dos sorrisos,dos abraços, dos agrados,das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia. Quero estar convencido de que tudo isso... vale muito mais do que o dinheiro! A partir de hoje, isso é com vocês,porque eu estou me demitindo da vida de adulto. Agora, se você quiser discutir a questão,vai ter de me pegar...
PORQUE O PEGADOR ESTÁ COM VOCÊ!!!
E para sair do pegador, só tem um jeito: Demita-se você também dessa sua vida chata de adulto.

NÃO TENHA MEDO DE SER FELIZ!!!

terça-feira, novembro 22, 2005

Pra que tanta coisa?

Inventando a imbecilidade (Abílio Queiroz - 25/12/2002)

eu não tenho dinheiro
eu não tenho casa
eu não tenho carro
eu não tenho porra nenhuma
eu não tenho juízo
eu não tenho emprego
eu não tenho CPF
não tenho documento

eu só tenho uma vontade incrível de descobrir quem foi o imbecil que inventou tanta coisa pra se ter

eu não tenho e-mail
eu não tenho carteira
eu não tenho celular
eu não tenho com quem falar
eu não tenho sapato
só uso chinelo
eu não tenho terno
nem tão pouco uma gravata

eu só tenho uma vontade incrível de descobrir quem foi o imbecil que inventou tanta coisa pra se ter

eu não tenho televisão
eu não tenho Cdplayer
eu não tenho rádio
nem tenho time pra torcer
eu não tenho você
eu não tenho ninguém
eu não tenho porra nenhuma
eu não tenho relógio
não tenho hora certa pra dormir
nem pra acordar
eu não tenho agenda
não sei que dia é hoje
eu não tenho lap top
não tenho quem me toque

eu só tenho uma vontade incrível de descobrir quem foi o imbecil que inventou tanta coisa pra se ter

eu não tenho sonho
eu não tenho pesadelo
eu não tenho que fingir
eu não tenho que mentir
eu não tenho água para beber
eu não tenho o que comer
eu não tenho estudo
e nem sei de quem é isso tudo

eu só tenho uma vontade incrível de descobrir quem foi o imbecil que inventou tanta coisa pra se ter

segunda-feira, novembro 21, 2005

Beijo

A SUPERFÍCIE DO BEIJO

A superfície do beijo
Desnuda, carnuda, molhada.
Línguas se enlaçando
Numa dança magistral,
Mãos se procurando
Entre cabelos suados.
O mel escorre pela boca,
Almas se conhecendo
No sabor da saliva quente
Que evapora no pescoço,
Em meio aos pêlos da nuca.
A culpa, sem desculpa,
De não se levar adiante
O beijo eloqüente,
Que fala em meio aos dentes,
Num murmúrio tectônico,
Rompendo a superfície,
A superfície do beijo....

quinta-feira, novembro 17, 2005

...

Tudo parece rápido... todavia tudo passa bem devagar pra mim.

Eu quero com urgência!




Carpinteiro (Abílio Queiroz)

Palavras têm o poder de envolver
E meu lápis tem as cores da liberdade,
Ele desenha um sol para te aquecer
E da árvore uma sombra para confortar-te.

Sempre em busca de novas descobertas,
Vou colorindo as horas rotineiras,
Deixando as janelas sempre abertas,
Vendo crescer as jardineiras.

Vou descobrindo-te poetiza,
Enfeitando-me com seus suores-poemas,
Mulher consagrada, vaidosa sacerdotisa,
Fazendo minha alegria sempre plena.

Estou entre o bêbado e o equilibrista,
Entre o leigo e o sofista,
Teus versos me domam,
Tuas palavras me tomam...

Ai de mim... pobre carpinteiro
Em frutíferos devaneios,
Construindo minha casa
Debaixo de suas asas...

sábado, novembro 05, 2005

sem título

tava relendo algumas coisas que escrevi e acabei juntando com coisas novas.. saiu isso aí.


Nossa vida parece ser uma linearidade passado/presente/futuro. Triste tríade imutável. O incrível é saber e conhecer o paradoxo aí existente. Temos mobilidade de escolha. Sim, temos possibilidaes inúmeras abertas ao nosso bel prazer. Se serão felizes ou melancólicas, não saberemos se não tentarmos, se não escolhermos.
Gavetas guardam vidas. Porque momentos, sentimentos e tudo o que for colocado em papéis, fotos, radiografias e embrulhos de balas e chocolates são vidas. Vida passada. Vida que ainda lhe pertence.
O mundo neurótico em que arrastamos nossas pernas trêmulas de receios múltiplos deriva, em grande parte, do foco obsessivo no futuro. E não falo de um futuro paradisíaco, mas de um amanhã cheio de trevas e riscos e perdas. Há um sofrimento por antecipação cuja única função é tornar a vida ainda mais áspera do que já é.
E por que deixar que as coisas caminhem nessa direção? Meu futuro é uma inquietação permanente para mim, contrariando a recomendação dos filósofos para que eu o tire da cabeça e me concentre apenas no presente.
Não o tiro da minha cabeça pois o futuro faz parte do meu presente.
Sou corajoso por enfrentar a vida e seus infindáveis problemas. E vou continuar assim enquanto houver força em mim. Enquanto eu puder acordar todas as vezes e dar um simples “bom dia”, enquanto em ver o sol nascer e se pôr. Enquanto eu puder conversar com a lua e as estrelas olhando-as aqui de baixo. E enquanto eu tiver gavetas para arrumar e sentimentos pra desarrumar.
Porque eu sou assim... gosto de gostar... mas por vezes, desgosto também.