segunda-feira, outubro 24, 2005

Ainda se vive por aqui

"Minha estória de amor ainda não terminou.
Meu coração ainda pulsa em meu peito.
E tudo pelo que ele já passou,
Me faz por ele, ter ainda mais respeito."
(Abílio Queiroz)
Colegiais (Abílio Queiroz - 24/06/1996)
Toque de vida na vitrola
Enferrujada pelo tempo passado
Nos corredores da velha escola
Onde o destino se viu traçado.

Foram anos de tanto aprendizado,
Tantas paixões declamadas.
E no intervalo terminado
Eram palavras decantadas.

No fim de cada manhã
Turno finalizado
E a garota fazendo manha,
Esperando pelo príncipe encantado.

Eram dias de divertimento pueril,
Com festas de rostos colados.
E o que se perdeu, não se viu
Nos lábios de beijos roubados.

Ah, foi o tempo que passou,
Deixando no suspiro a lembrança.
E de tudo o que restou,
Alimenta-se a esperança
De se viver novamente
A felicidade nunca ausente.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Fácil falar

Meu incerto ser encerra um interior indistinto. Carrega em si uma “des-vontade” ingrata, flertando com uma indiferença cotidiana.
Meu incerto ser perambula mancando da perna esquerda entre o desejo do “não-sei-o-que” e a vontade da conquista.
É querer e não querer; é ser e não ser!
É uma antítese paradoxal que deixa de ser redundância assim que largo meu corpo exausto na cadeira de balanço da vovó. Movimentos singulares e lúcidos, cadenciados por trovões, raios, tornados e furacões dentro do meu cérebro cozido, temperado com enchentes lacrimais.
É querer e não querer; é ser e não ser!
É ter vontade de não fazer nada e ao mesmo tempo querer abraçar o mundo; é ter vontade de gritar e ouvir mil vozes ao mesmo tempo; é vontade de roubar um beijo flertado, ao invés de encontrá-lo numa esquina qualquer.
É um desejo incrível de simplesmente apagar tudo e dizer apenas: são tolices!
A vida nada é além de tolices emendadas umas nas outras por fios de variados sentimentos e emoções. Ou apenas um copo de água que você precisa encher de vez em quando. E posso dizer que minha água já quase se evaporou por completo e que não sei se encherei o copo novamente.
É o querer e o não querer; é o ser e o não ser!
Vou sendo o que não quero; vou querendo o que não sou...

sexta-feira, outubro 14, 2005

Aos treze anos...

Tenho andado fuçando em coisas minhas antigas. Tenho tentado organizar minha vida. Assim penso que tudo será mais fácil.
Acabei encontrando nos tantos papéis guardados esse texto que escrevi aos 13 anos... não sei pq, mas me deu vontade de colocá-lo aqui...




há uma história triste
que para vocês eu vou contar,
em nada ela consiste,
mas a muitos ela faz chorar.

é a despedida daquele que insiste
em não mais caminhar
em torno daquilo que persiste
a nos atrapalhar.

a mágoa é um inferno
e ele mora aqui perto,
a saudade não existe em mim,
o que existe é a vontade do fim.

um dia alguém quis morrer,
mas coragem lhe faltava.
sua angustia era viver,
a solidão nunca o abandonava.

seu desespero era desejo,
suas lágrimas verdades.
não creio em tudo o que vejo,
e nem faço tudo aquilo que tenho vontade.

se a paixão foi o motivo,
e o abandono a conseqüência,
em nada isso faz sentido
pois a morte sempre traz a ausência.

segunda-feira, outubro 10, 2005

...

meu retrato corre atrás do desfaço,
personificando um rastro de descaso.
tenho uma cor lateral feita à mão,
uma régua torta medindo três espantalhos.
e enquanto você julga,
eu não jogo.
esqueçço e aqueço um bule de dor
para servir com qualquer licor.

fausta vida linear,
equilibrando-se num trampolim vesgo.
disforme cor azul,
persegue quem nunca foi ao sul.
é lactante e cortante
não perceber que o antes
permanece até agora,
justo quando temos que ir embora.
mas não se mova,
a dor é recente
e o que era para ser novo,
já se faz ausente.