quarta-feira, dezembro 21, 2005

Um dia de cada vez


É... (pausa)... é sério mesmo... tem dias que as coisas são mesmo assim.

Não consigo escrever nem pensar... talvez seja o fim... talvez ele nem exista. Quem sabe? Quem vai saber? Como saber se é mesmo o fim? E pra que tantas perguntas? Isso aqui não é questionário de formulário de entrevista de emprego...

Emprego??!?!?!?! Vou pregar meu currículo nos postes da cidade, pra ver se a realidade pára de me jogar na cara o que nem meu pai me falou...

-Alô... oi pai, tudo bem? Eu tava pensando...

É... (outra pausa)... pq a vida é isso... é aquilo... são emoções à kilo...


PS.: (pq PS tb é importante!)
Não peço riquezas, nem esperanças, nem amor, nem um amigo que me compreenda... Tudo o que peço é um céu sobre minha cabeça e um caminho a meus pés...

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Quem sabe

Língua (Abílio Ricardo Queiroz)

Língua lânguida.
Pede, inflama.
Língua que descreve,
Escreve sem pintar.
Deixa de lado,
Deixa estar,
Quando é apenas combinado,
Quando apenas acontece.
Ela tece.
Ela descreve o que não se mede.
Quem não pede...
Quem não há de pedir...
Quando se quer sentir.
Quem não há de querer,
Quando se quer viver?
Língua pele.
Língua pede.
Língua mostra.
Química composta.
Tudo se esquece,
A língua fala.
Ela escuta,
Ela se revolta, se revolve.
Ela fica muda.
Língua se faz presente,
Se faz ausente,
Língua lânguida,
Língua ardente.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Certos dias são assim mesmo.


Quase um sono (Abílio Ricardo Queiroz)


O pássaro que descansa no seu ninho não sabe do que é capaz o monstro que dorme na minha sala.
Exploração, dilúvio, morte, descaso.
E o fogo arde em suas entranhas, descobrindo novos caminhos, através de brincadeiras pueris. Entrando em lugares desconhecidos, achando tudo engraçado, porém tristemente embriagado, suavemente endiabrado.
Você morreria por mim? Ninguém morre à toa.

Livre de todos os pecados, pensando em roubar o descanso eterno, eu morreria por alguém.

E tudo é sincero!

O pássaro saiu do ninho. O monstro não domina mais ninguém.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Fragmentos

Bem-me-quer, mal-me-quer
- Abílio Ricardo Queiroz


Eu vi você caminhando pela rua,
Assim como quem está pisando na lua.
Eu vi você olhando para frente,
Um olhar solitário, descrente.
Você, numa profusão de tudo a todos,
Confortavelmente caótica.

-por favor, apague as luzes, tenho medo do que é claro!

Por que você me ama?
Por que você está comigo?
Não vê que é tão difícil?
Não vê que é tão fácil,
Não gostar de mim?

Eu vi você chorando sozinha num canto.
Eu vi você ao telefone reclamando.
Você vê no espelho um reflexo descontínuo,
Ainda assim não perde o fascínio.

Por que você me ama assim?
Por que você ama profundo?
Quem mandou você gostar de quem é apaixonado pelo mundo.